A Gastronomia como Patrimônio Imaterial da Humanidade
A gastronomia é muito mais do que receitas, ingredientes e técnicas; ela é parte da nossa identidade, da nossa cultura e da nossa memória coletiva.
Quando a UNESCO declara que certos saberes e práticas culinárias são Patrimônio Imaterial da Humanidade, não é apenas um título bonito. Sendo assim, é um reconhecimento de que a gastronomia carrega consigo histórias, tradições, afetos e, acima de tudo, uma forma única de ver o mundo.
E eu, como apaixonada por esse universo, quero te convidar para uma viagem — um passeio por pratos, cheiros e sabores que não só enchem a barriga, mas também contam a história de povos inteiros.
O que significa “Patrimônio Imaterial da Humanidade” na gastronomia?
Quando a gente pensa em “patrimônio”, muitas vezes lembramos de monumentos, museus ou paisagens históricas. Mas a UNESCO entende que a cultura também vive em expressões intangíveis: músicas, danças, festas populares… e, claro, a gastronomia.
Patrimônio imaterial é tudo aquilo que não é “tijolo e pedra”, mas sim algo vivo, passado de geração para geração: saberes, práticas, músicas, danças, festas e, claro, a gastronomia.
Então podemos dizer que Patrimônio imaterial, no caso da comida, é o reconhecimento de que certos modos de fazer, cozinhar e servir um prato fazem parte da identidade de um povo e merecem ser preservados. Não é apenas a receita que importa, mas também o contexto: quem ensina, como se transmite, em que ocasiões é preparado.
No caso da comida, não estamos falando só da receita escrita num papel, mas de todo o contexto: a forma de preparo, os utensílios, o ritual de servir, os ingredientes e até o momento social que envolve aquele prato.

Sabores que a UNESCO já reconheceu como Patrimônio da Humanidade
Vou compartilhar alguns exemplos que mostram como a comida pode ser um símbolo vivo de cultura:
A dieta mediterrânea (Itália, Espanha, Grécia, Marrocos e outros países)
Mais do que um cardápio, é um estilo de vida. Baseada em azeite, peixes, vegetais frescos, ervas e um bom vinho, a dieta mediterrânea representa uma relação equilibrada e saudável com a comida, com foco na convivência e no comer junto.A arte da pizza napolitana (Itália) A pizza napolitana foi reconhecida como patrimônio imaterial porque não é apenas uma receita, mas um ritual. Em Nápoles, a técnica de abrir a massa, o forno à lenha, o tempo de cozimento — tudo segue uma tradição secular.
A comida tradicional mexicana (em especial de Michoacán)
O milho, o feijão e o chili são a base, mas o que encanta mesmo é o ritual: tortillas feitas à mão, molhos complexos e coloridos, e a forma como cada refeição é carregada de simbolismo e afeto.A cozinha francesa
A UNESCO reconheceu não apenas pratos, mas todo o ritual à mesa: da escolha dos ingredientes aos vinhos que harmonizam com cada refeição. Valoriza o ato de comer como um momento social, quase cerimonial: da escolha dos ingredientes ao ritual de servir, tudo é pensado para celebrar a vida.O kimchi da Coreia do Sul O kimchi é um prato fermentado à base de vegetais, temperos e pimenta. Mas o que fez a UNESCO reconhecê-lo como patrimônio foi o kimjang — o ritual coletivo de preparar o kimchi para o inverno, envolvendo famílias e comunidades inteiras. O kimchi é um símbolo de resistência cultural.
- O modo de fazer queijo Serra da Estrela (Portugal)
Produzido artesanalmente, com leite de ovelha e cardo, é um exemplo de como um alimento pode representar um território.
A Gastronomia como Patrimônio Imaterial da Humanidade: E no Brasil?
O Brasil é um caldeirão cultural — indígena, africano, europeu e asiático — e a nossa mesa reflete isso com orgulho.
Então temos dois grandes exemplos já reconhecidos como patrimônio imaterial nacional (pelo IPHAN), que facilmente poderiam entrar na lista da UNESCO:
O modo de fazer o queijo minas artesanal — uma tradição passada de geração em geração, com técnicas únicas e um sabor que traduz a alma mineira. Registrado como Patrimônio Cultural Imaterial pelo IPHAN (Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional) e também reconhecido internacionalmente.
O acarajé — muito além de um bolinho frito, é parte fundamental da cultura afro-brasileira e das tradições do candomblé.
E se me perguntarem, eu diria que pratos como a feijoada, a moqueca e o tacacá também carregam essa força de identidade que merece reconhecimento mundial.
Por que preservar essas tradições é tão importante?
Quando a UNESCO reconhece uma tradição culinária, ela não está apenas homenageando um prato bonito de se ver no Instagram. Ela está incentivando políticas de preservação, garantindo que as próximas gerações conheçam e vivam essas experiências.
Em tempos de fast-food e comida industrializada, proteger a gastronomia tradicional é proteger a diversidade cultural e a nossa ligação com a terra e as pessoas.
A globalização trouxe muitas facilidades, mas também um risco: perdermos a conexão com nossas raízes. Quando uma receita deixa de ser passada adiante, não é só o sabor que se perde — é um pedaço da história, da memória e da identidade de um povo.
Eu acredito que cozinhar, nesses casos, é um ato de resistência. É um jeito de dizer: “isso é quem somos e queremos continuar sendo”.
Então preservar a gastronomia como patrimônio imaterial é preservar o direito de sentar à mesa e reconhecer ali a presença de nossos antepassados.
Então como cada um de nós pode contribuir para preservar esse patrimônio
Aprendendo e ensinando receitas tradicionais dentro da família.
Valorizando ingredientes locais e sazonais.
Apoiando pequenos produtores e cozinheiros que mantêm viva a tradição.
Além disso, participando de festas e eventos culturais que celebram a culinária regional.
E claro… comendo com prazer, porque tradição também é alegria à mesa!
📊 Tabela comparativa:

Um convite para você
Depois dessa viagem de sabores e histórias, eu quero te convidar para pensar: qual prato da sua vida carrega mais memória e afeto? Qual receita você acha que deve ser protegida para sempre?
Então escreve aqui nos comentários, porque eu quero muito saber! Quem sabe a gente não descobre juntos novas histórias para contar?
Compartilha esse texto com alguém que também valoriza a cultura e a gastronomia. Afinal, preservar o patrimônio imaterial começa com algo simples: espalhar a palavra e o sabor.